Organizações ágeis: o que são e como funcionam

Já não é novidade que a taxa de mudanças no mundo está cada vez mais acelerada. E vai continuar acelerando. O aumento da complexidade se manifesta cada vez mais em um emaranhado de interconexões entre diferentes pessoas, organizações, culturas, tecnologias.

Neste sentido, a busca por colaboração, autonomia, flexibilidade e criatividade (valores presentes em organizações ágeis) está mais do que nunca na pauta de muitos executivos. 

Eles perceberam que as pessoas cada vez mais passam a escolher trabalhar em empresas onde se sintam genuinamente valorizados, incluídos e respeitados.

Está cada vez mais claro que organizações que envolvem, desenvolvem e capacitam os suas equipes terão maior capacidade para inovar e encantar os clientes através de melhores produtos e serviços.

Mas como trazer essas características para as nossas organizações? O que são organizações ágeis na prática? Neste artigo você terá essa resposta.

Boa leitura!

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O que são organizações ágeis?

Inspirado na definição de organização ágil criada por Pete Behrens, compartilho com você uma definição que acredito ser apropriada para o momento atual: 

Organizações ágeis são organizações que têm a capacidade de identificar as mudanças em um mercado cada vez mais acelerado, reorientar sua forma de operar e se adaptar a essas mudanças de forma eficaz, melhorando o desempenho e a saúde dos negócios, ao mesmo tempo que gera cada vez mais valor para os seus clientes.

Veja que na definição acima mencionamos dois aspectos importantes: desempenho (resultados de curto prazo) e saúde organizacional (crescimento de longo prazo). Este balanceamento é mais do que necessário para um negócio ter sucesso no mundo atual.

Organizações Ágeis x Tradicionais

Tentar fazer uma comparação entre “organizações ágeis” e “não ágeis” ou “tradicionais” trata-se de uma dicotomia, e pode não fazer muito sentido. 

Eu explico…

Agilidade não é um conceito ultra moderno do século XXI. Trata-se de uma evolução contínua que acontece desde a revolução industrial a mais de 100 anos atrás. 

Neste sentido, tentar definir um certo conjunto de empresas como “ágeis” e outras “tradicionais” é uma falácia. Todas as organizações possuem algum nível de agilidade. 

Portanto podemos dizer que algumas organizações são “mais ágeis” que as outras. As mais ágeis têm maior capacidade de se adaptar e lidar com mudanças. 

Além disso, as organizações mais ágeis se destacam pelo foco intenso que dão ao cultivar sua cultura organizacional, pois sabem que a cultura, diferentemente de produtos e serviços, é o elemento organizacional mais difícil de ser copiado. 

Como organizações ágeis funcionam na prática

As organizações mais ágeis com as quais já trabalhamos têm algumas características importantes em comum. 

Foco em outcomes

Uma das principais capacidades das organizações ágeis é saber distinguir entre os conceitos de outputs e outcomes.

Outputs são “saídas” ou consequências diretas de atividades realizadas, como, por exemplo, produtos criados ou serviços fornecidos. Outputs em geral representam volume de entrega. Exemplos:

  • Criação de 10 campanhas de marketing digital
  • Implantação de 5 novas funcionalidades no produto
  • 100% dos líderes treinados em liderança ágil

Já os outcomes são diferentes. Eles não são necessariamente “mais importantes”, mas são as mudanças esperadas como resultado das atividades realizadas. É o efeito ou a consequência desejada. 

Outcomes representam mudanças desejadas no comportamento de pessoas ou clientes, nos relacionamentos, ações, habilidades ou conhecimentos. Podemos influenciar os outcomes, mas não temos controle direto sobre eles. Exemplos:

  • 20% de aumento nas visitas ao site
  • 10% de redução no turnover
  • 25% mais pessoas declararam que estão mais felizes no trabalho
  • 25% de aumento na quantidade de alunos que obtiveram um emprego na sua área de formação

Por que essa distinção entre outputs e outcomes é importante?

Tradicionalmente as organizações fazem sua gestão de riscos com foco em outputs, incluindo custos, cronograma, entregas, etc. 

Ou seja, os líderes partem do princípio de que estão “certos” sobre qual é a coisa “certa” a ser feita, e então constroem seus produtos e serviços com base nessa “certeza”. Nesse paradigma de gestão, mudanças são anomalias ou “falhas” de planejamento.

Por outro lado, as organizações mais ágeis enxergam o risco de outra forma bem diferente. O foco passa a ser nos outcomes e no impacto que querem gerar no cliente. Para esses líderes mais ágeis, atividades e projetos são hipóteses que requerem experimentação e teste. 

Eles têm a consciência que o caminho para fazer “certo” exigirá abraçar a mudança, durante várias iterações com feedback do cliente e stakeholders.

Colaboração e criatividade

Em primeiro lugar, elas buscam de forma intencional desenvolver uma cultura mais colaborativa e criativa, sem perder o foco na competitividade.

Veja, por exemplo, as empresas de maior sucesso da atualidade, como a Apple, Microsoft ou Google. Elas deixam explícito seus valores de colaboração, criatividade e competitividade para todos, e os colaboradores têm clareza disso desde quando começam a participar de processos seletivos.

Abertura e coragem para mudança

Em segundo lugar, as organizações mais ágeis estão dispostas a mudar se precisar. Na prática isso significa que se em algum momento as políticas organizacionais, estruturas ou processos precisarem mudar para melhorar o desempenho e a saúde dos negócios, os líderes irão mudar.

Nesse sentido, essas mudanças são feitas através de experimentos com novas formas de trabalhar, não importa se isto irá mexer com o status quo da empresa. Ao fazer esses experimentos, os líderes abrem espaço para que os colaboradores tenham responsabilidade e abertura para “desafiar o sistema” e propor formas mais eficazes de trabalho.

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Gestão mais horizontal

Em geral, as organizações mais tradicionais são estruturadas em departamentos por função (Tecnologia, Marketing, Comercial, Atendimento, etc…). As equipes focam em metas, produtos e serviços dentro desses silos. 

Muitas vezes existe a tentativa de criar estruturas “matriciais”, nas quais os colaboradores são distribuídos em várias iniciativas com a intenção de otimizar a eficiência. 

Porém, na maioria das vezes o que acontece são otimizações locais, em detrimento da otimização global (do negócio como um todo), piorando a cadeia de valor (ponta a ponta).

Já as organizações mais ágeis é que elas buscam desenvolver uma gestão mais horizontal e compartilhada. As estruturas consideram todas as funções, com um fluxo de valor de ponta a ponta focado desde a concepção até a entrega de valor final ao cliente. 

Portanto, trabalhar de forma ágil muitas vezes implica em realinhar estruturas organizacionais, de uma orientação funcional vertical para uma orientação horizontal de equipes interdisciplinares envolvidas com os clientes.

De fato, criar essas estruturas requer experimentar e adaptar, pois não existe uma estrutura organizacional ágil “certa”.


Como implementar em sua empresa

Organizações são espelhos de seus líderes. Assim, as organizações mais ágeis têm pessoas com alta agilidade de liderança. Nenhuma das características acima será possível sem a compreensão e o alinhamento da liderança.

Portanto, para empreender uma jornada de transformação organizacional rumo à maior agilidade e melhores resultados, é preciso reconhecer a necessidade da transformação da liderança, com líderes dispostos a adotar diferentes pensamentos e comportamentos de liderança.

Uma liderança mais ágil será capaz de desenvolver uma cultura forte alinhada à agilidade. Agilidade é, em última análise, um conjunto de valores que precisam ser integrados aos valores da organização. 

Assim, liderar formas ágeis de trabalho é uma via de mão dupla. Como líderes, é nossa responsabilidade influenciar a cultura que estamos tentando criar, mas, ao mesmo tempo, devemos estar cientes da cultura que existe atualmente e nos alinharmos a ela. 

Se atacarmos a cultura atual com descaso, irrelevância ou ignorância, seremos atropelados por ela. Devemos trabalhar com a cultura para mudá-la.

Quais os benefícios das organizações ágeis 

Desempenho e saúde do negócio

Organizações ágeis são mais mais conscientes, focadas e responsivas (se adaptam melhor a mudanças). Como consequência, essas organizações têm melhores resultados de curto prazo e melhor saúde organizacional para crescimento de longo prazo - um balanço fundamental para o sucesso.

Colaboração

Pelo fato das organizações mais ágeis darem uma ênfase muito forte na cultura, valores como cooperação e colaboração são praticados no dia a dia, gerando maior engajamento entre as pessoas. Essas são características fundamentais para maior inovação.

Clientes mais satisfeitos

Outro benefício gerado ao desenvolver a agilidade na organização é a satisfação dos clientes. Empresas mais ágeis estão constantemente coletando feedback de seus clientes sobre sua experiência nos produtos e serviços, desenvolvendo alta empatia por eles.

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Conclusão

Encontrar o equilíbrio certo entre o alinhamento organizacional e autonomia local é fundamental para entregar valor em sistemas altamente complexos. Muito controle e estrutura irão limitar a adaptabilidade e a criatividade necessárias para descobrir a solução certa. Muita liberdade inibirá o aprendizado e o crescimento compartilhados.

Desenvolver organizações ágeis é uma das iniciativas mais complexas do mundo dos negócios. Identificar mudanças e reorientar as equipes para se adaptar às condições de mercado em constante mudança requer acima de tudo liderança.

E para isso, precisamos redefinir o conceito de liderança, trazendo os princípios da agilidade para nós mesmos, tornando a nossa forma de pensar e agir mais ágeis e eficazes para termos mais sucesso no mundo atual.

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Thomaz Ribas

Thomaz é um especialista em agilidade organizacional e um entusiasta dos temas de liderança e cultura. Fundador da Interia Consulting, sua missão é trazer conscientização e orientação pragmática para ajudar líderes a construir organizações mais ágeis e eficazes, aumentando o desempenho e a sustentabilidade do negócio em ambientes altamente complexos e em rápida mudança.

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